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Saiba como elaborar a Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC
Conheça a finalidade desse instrumento e sua importância para realizar a demonstração financeira de sua empresa
A Demonstração dos Fluxos de Caixa, ou simplesmente DFC, é um importante instrumento financeiro, requerido como parte integrante das demonstrações financeiras anuais publicadas pelas companhias. Esse demonstrativo não deve ser confundido com o fluxo de caixa que muitos sistemas disponibilizam para seus usuários acompanharem os saldos das contas bancárias e de caixa em períodos personalizados, pois esses relatórios financeiros não atendem aos requisitos mínimos da estrutura da DFC, exigida pelo pronunciamento técnico 03 (R2), aprovado pelo CPC em 03/09/2010.
Neste artigo, explicaremos o conceito da DFC, sua estrutura e a sua finalidade, e, ao final do texto, esperamos que você, leitor, possa ter absorvido bem o conteúdo e possa começar a utilizá-lo como fonte de informação e análise em sua empresa.
Vamos lá!
Demonstração de Fluxo de Caixa e sua função na gestão de seu negócio
A DFC é um demonstrativo que visa fornecer aos usuários das demonstrações financeiras (investidores, fornecedores, bancos, governo etc.) informações úteis sobre a performance de uma empresa em um determinado período de tempo. No caso da DFC, essa informação está relacionada às atividades de caixa da companhia, demonstrando como os recursos foram obtidos e aplicados ao longo de um período.
A DFC lida em conjunto com as demais demonstrações financeiras, é considerada uma importante fonte de informação para os seus usuários avaliarem:
- · A capacidade de geração de caixa nas atividades operacionais da companhia;
- · Como a companhia está financiando suas necessidades de capital de giro e investimento;
- · O nível de eficiência da Administração na utilização dos recursos do caixa gerados nas atividades operacionais; e
- · A capacidade de pagamento das obrigações futuras da companhia (dividendos, empréstimos, fornecedores etc.).
A DFC substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), cuja finalidade era demonstrar a variação do capital circulante líquido (capital de giro) de uma empresa em um determinado período de tempo. Para o público em geral, a DOAR apresentava dificuldade de entendimento, devido à sua linguagem extremamente técnica e sua limitação em informar, claramente, o gerenciamento dos recursos financeiros da companhia.
A CVM e a Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) eram as principais fontes oficiais de Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA), seguidas pelas empresas na preparação e apresentação de suas demonstrações financeiras. Em 2008, entrou em vigor a Lei nº 11.638/07, bem como suas respectivas alterações, introduzidas pela Medida Provisória 449, que alteraram, revogaram e introduziram novos dispositivos, notadamente, em relação ao capítulo XV, sobre matéria contábil. Essa nova legislação teve, principalmente, o objetivo de atualizar a legislação societária brasileira para possibilitar o processo de convergência das práticas contábeis adotadas no Brasil com as normas internacionais de contabilidade (IFRS) e permitir que novas normas e procedimentos contábeis sejam expedidos em consonância com os padrões internacionais de contabilidade.
A DFC é um demonstrativo financeiro que apresenta a variação líquida do saldo de caixa e equivalentes de caixa num período reportado, detalhando os recebimentos e pagamentos que causaram essa variação.
Define-se como equivalentes de caixa para fins de elaboração da DFC as aplicações financeiras de curto prazo e alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
Atividades operacionais são as principais geradoras de receita da entidade, além de outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento, como, por exemplo: recebimento de clientes, pagamento a fornecedores, pagamento de tributos, pagamento de funcionários, depreciação etc.
As atividades de investimento são referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa, como, por exemplo: compra de imobilizado, recebimento de dividendos de controladas, venda de bens do imobilizado etc.
As atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e de terceiros da entidade, como, por exemplo: obtenção ou pagamento de empréstimos bancários ou de terceiros, pagamento de dividendos aos acionistas, recebimento pela venda de ações, aumentos de capital etc.
Estrutura do DFC
A padronização da DFC é necessária para permitir a sua comparabilidade entre diferentes empresas, e entre períodos diferentes para uma mesma empresa. Para atingir esse objetivo, foi definido pelo CPC um formato padrão de apresentação da DFC. O fluxo de caixa das atividades operacionais pode ser elaborado por meio de duas formas: o método direto e o método indireto.
No pronunciamento técnico CPC 03, o método direto é identificado como o que divulga “as principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos”. Para a elaboração da DFC pelo método direto, os seguintes passos devem ser observados: inicialmente, são apresentados os valores recebidos de clientes e o total pago a fornecedores e empregados; após, são descritos os pagamentos realizados a título de IR e CSLL e os pagamentos de contingências. Ao final, é informado o valor líquido derivado dos demais recebimentos e pagamentos ocorridos no período.
A estrutura da DFC pelo método direto encontra-se representada a seguir:
Demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto | 20X2 | ||
Fluxos de caixa das atividades operacionais | |||
Recebimentos de clientes | 30.150 | ||
Pagamentos a fornecedores e empregados | (27.600) | ||
Caixa gerado pelas operações | 2.550 | ||
Juros pagos | (270) | ||
Imposto de renda e contribuição social pagos | (800) | ||
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos | (100) | ||
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais | 1.380 | ||
Fluxos de caixa das atividades de investimento |
|||
Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição | (550) | ||
Compra de ativo imobilizado | (350) | ||
Recebimento pela venda de equipamento | 20 | ||
Juros recebidos | 200 | ||
Dividendos recebidos | 200 | ||
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento | (480) | ||
Fluxos de caixa das atividades de financiamento |
|||
Recebimento pela emissão de ações | 250 | ||
Recebimento por empréstimo a longo prazo | 250 | ||
Pagamento de passivo por arrendamento | (90) | ||
Dividendos pagos | (1.200) | ||
Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento | (790) | ||
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa | 110 | ||
Caixa e equivalentes de caixa no início do período |
120 |
||
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período | 230 |
Existem vantagens e desvantagens de utilizar o método direto para a elaboração do fluxo de caixa. Como vantagens, podemos citar: condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e pagamentos seja feita por critérios técnicos e não fiscais; introduz, com mais rapidez, a cultura de administrar pelo caixa; e facilita a disponibilidade de informações sobre o caixa diariamente. Como desvantagens, surgem o custo adicional e a dificuldade para classificar recebimentos e pagamentos, além da exigência de fazer a conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais.
O método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações, permitindo que o usuário avalie quanto de lucro está sendo transformado em caixa a cada período.
A estrutura da DFC pelo método indireto encontra-se representada a seguir:
Demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto | 20X2 | ||
Fluxos de caixa das atividades operacionais | |||
Lucro líquido antes do IR e CSLL | 3.350 | ||
Ajustes por: | |||
Depreciação | 450 | ||
Perda cambial | 40 | ||
Resultado de equivalência patrimonial | (500) | ||
Despesas de juros | 400 | ||
3.740 | |||
Aumento nas contas a receber de clientes e outros | (500) | ||
Diminuição nos estoques | 1.050 | ||
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores | (1.740) | ||
Caixa gerado pelas operações | 2.550 | ||
Juros pagos | (270) | ||
Imposto de renda e contribuição social pagos | (800) | ||
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos | (100) | ||
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais | 1.380 | ||
Fluxos de caixa das atividades de investimento |
|||
Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição | (550) | ||
Compra de ativo imobilizado | (350) | ||
Recebimento pela venda de equipamento | 20 | ||
Juros recebidos | 200 | ||
Dividendos recebidos | 200 | ||
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento | (480) | ||
Fluxos de caixa das atividades de financiamento | |||
Recebimento pela emissão de ações | 250 | ||
Recebimento por empréstimo a longo prazo | 250 | ||
Pagamento de passivo por arrendamento | (90) | ||
Dividendos pagos | (1.200) | ||
Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento | (790) | ||
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa | 110 | ||
Caixa e equivalentes de caixa no início do período | 120 | ||
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período | 230 |
A diferença existente entre o método direto e o método indireto é a estruturação do fluxo de caixa das atividades operacionais, pois, no indireto, o resultado do período é ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa ou equivalentes. No método direto, todos os pagamentos e recebimentos relativos ao fluxo de atividades operacionais da empresa são demonstrados. Em consequência, pode-se afirmar que os fluxos das atividades de investimento e de financiamento são iguais tanto no método direto, como no indireto.
As vantagens do uso do método indireto são: baixo custo, pois utiliza apenas o balanço dos dois últimos períodos, a Demonstração do Resultado do Exercício e algumas informações complementares; concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como a diferença se apresenta entre eles. Como desvantagem, surge o tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência e só depois convertê-las para o regime de caixa.
Benefícios da Demonstração de Fluxo de Caixa para o seu negócio
A DFC, quando lida em conjunto com outras informações contidas nas demonstrações financeiras, permite aos investidores, credores e outros usuários as seguintes avaliações:
- Avaliar a capacidade da companhia em gerar fluxos de caixa positivos para atender suas obrigações financeiras e pagar dividendos, bem como sua necessidade de financiamento externo;
Essa finalidade é alcançada devido ao formato de apresentação da DFC, segregando os recebimentos e pagamentos em três grupos de atividades:
- Operacional, que demonstra a capacidade da empresa em gerar caixa em suas operações;
- Investimento, que demonstra como estão sendo investidos os recursos gerados nas operações da companhia e os obtidos de fontes externas;
- Financiamento, que demonstra as fontes externas de financiamento da companhia.
- Identificar as razões para a diferença entre o lucro líquido e a evolução do caixa líquido das atividades operacionais;
Essa resposta é alcançada através da leitura da “reconciliação do lucro líquido com o caixa líquido obtido/aplicado nas/das atividades operacionais”. A reconciliação permite identificar as principais receitas e despesas dentro do lucro do exercício, que não representam entradas e saídas de caixa. Com essa informação, a DFC oferece aos usuários das demonstrações financeiras os elementos necessários para entender por que, em alguns casos, as empresas apresentam resultado positivo, mas, ao mesmo tempo, apresentam difícil situação de liquidez e solvência.
- Avaliar o efeito, sobre a situação financeira da companhia, das atividades de financiamento e investimento que não geram entradas e saídas de caixa.
A DFC possibilita essa avaliação porque as transações de financiamento e investimento que não afetaram o caixa são divulgadas como informação complementar da demonstração. O compartilhamento dessa informação complementar vai ao encontro do objetivo final das demonstrações financeiras, que é servir de base para os investidores avaliarem a capacidade da companhia de gerar, no futuro, resultados positivos e recursos suficientes para pagar dividendos e honrar seus compromissos financeiros e de investimentos.
A ARVI Consultoria tem a expertise que sua empresa busca para elaborar a DFC
Aparentemente, controlar as movimentações financeiras de uma empresa não parece ser algo tão complicado, mas saiba que a DFC é o demonstrativo financeiro que os profissionais de contabilidade têm mais dificuldade em elaborar. Pela nossa experiência em consultorias, já tivemos que ajudar muitos colegas a fecharem os saldos apresentados no demonstrativo.
Mas não se assuste, sabemos que com estudo e um pouco de dedicação você conseguirá dominar essa demonstração financeira. Neste artigo, trouxemos uma breve introdução sobre o assunto e ilustramos os dois métodos de apresentação da DFC.
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Você sabia que a ARVI Consultoria possui expertise na elaboração da demonstração de fluxos de caixa (DFC)?
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